CAPÍTULO I ~ 1816
O homem, montado em um magnífico puro-sangue negro, percorria a estrada coberta pela vegetação crescida, evitando os galhos que haviam caído dos carvalhos existentes à margem dela.
Cruzou a ponte de pedra construída sobre o lago e avançou para o pátio, onde os pedregulhos estavam quase cobertos pelo musgo e pelas ervas.
Deteve o seu cavalo e permaneceu olhando para o grande timbre que encimava a porta antiga. Por um momento fixou-se nele, como que olhando para o passado, para a história daqueles a quem ele tinha pertencido.
Então, desviou os olhos para as janelas sem vidros, para os tijolos que precisavam de reparos e para a ornamentação de pedra quebrada.
Lentamente, voltando sua cabeça para cima, notou que a balaustrada do teto estava danificada em vários lugares.
Suspirou e, desmontando, bateu ligeiramente no pescoço de seu cavalo, dizendo:
—Vá e ache alguma grama,Salamanca, mas não se distancie muito!
O cavalo pareceu entender o que fora dito pelo homem e atravessou o pátio, em direção às gramas altas que cobriam o que antigamente fora um gramado bem cuidado.
O dono ficou a olhá-lo. Depois, percebendo que era impossível entrar no castelo pela porta dianteira, deu a volta à construção, pelo lado que levava aos estábulos, à frente, e, à esquerda, para a entrada de serviço.
Viu que os loureiros e outros arbustos, em outros tempos, tinham sido bem cuidados e aparados.
Não havia sinal algum de vida e, a princípio, ele achou que a casa estivesse deserta. Então, circundando os arbustos, viu que a porta de trás estava entreaberta, e entrou.
Em frente dele havia um grande corredor em decadência, e à sua direita, uma leiteria.
Notou que as grandes lajes de mármore, onde antigamente se depositavam imensos potes de creme, estavam vazias, continuou caminhando, até chegar, primeiramente, à copa, e depois, à cozinha.
Lembrava-se de quando os presuntos pendiam das vigas e do fogão repleto de panelas e potes de latão.
A Sra. Briggs, que cozinhava para seu pai e era conhecida pela excelência de seus assados, estaria ocupada à mesa de cozinha impecavelmente lavada com escovão, com ao menos três criadas a seu lado, além de uma multidão de ajudantes.
Agora, notava que a grande cozinha estava tão vazia quanto a leiteria. Então, sentada a um canto, ele viu uma mulherzinha grisalha, que descascava algumas ervilhas, colocando-as em uma bacia que segurava no colo.
Por um momento, ficou a fixá-la incredulamente; depois, quando ela olhou em sua direção, ele se adiantou e disse:
—Sra. Briggs! É a Sra. Briggs?
A velha senhora olhou para ele com dificuldade. Então, exclamou:
—Master Tyson! Eu reconheceria sua voz em qualquer lugar!
Tentou levantar-se, mas Tyson Dale colocou a mão no ombro dela,
dizendo:
—Não, não se mova. É bonito vê-la assim. Tinha muito medo de que não estivesse mais aqui!
—Oh, estou aqui master Tyson, e é uma alegria vê-lo, depois de tantos anos!
—Treze, para ser exato!— disse Tyson Dale.
Apanhou uma cadeira e sentou-se ao lado dela, pensando, ao fazê-lo, que a Sra. Briggs deveria estar por volta dos oitenta anos, pois já era velha quando ele deixara a Inglaterra para ir à